sexta-feira, 24 de maio de 2013

A comunicação e o saber-viver


     A comunicação possibilita o viver. A pluralidade das visões de mundo, a impossibilidade de se manifestar uma posição única, verdadeira, explica a criação da própria cultura. A comunicação, escrita ou falada deve, assim, cumprir seu papel primordial: através dela expressar o nosso “eu”, através dela conhecermos o “outro”. Este é o princípio da alteridade. Queremos comunicar, queremos ousar comunicar, queremos que o outro saiba o que está acontecendo conosco. Saber comunicar é saber viver. Eis o contexto contemporâneo do papel social da comunicação. As relações sociais requerem uma comunicação facilitada e ágil. As novas tecnologias, ao mesmo tempo em que criam a necessidade do “estar junto”, propiciam os meios para que estes processos se realizem. Busquemos, pois, manter nossos olhos abertos para as diversidades da individualidade que povoam o universo cibernético. Desenvolvamos nossa autonomia moral e política para o exercício da cidadania entendendo que o respeito pelo outro não exclui a escolha pessoal mas é sua condição primeira.
     As possibilidades para estes novos processos relacionais são múltiplos mas, antes de tudo, precisamos compreendê-las no mundo em que vivemos. A revolução atual pela qual passa a comunicação era prevista já, nas grandes visões de mundo, engendradas no curso da evolução das ideias. Captar este sentido é entender que a comunicação é a experiência fundamental da humanidade.
     O mundo nos é transmitido, nos comunicado e editado através das primeiras formas de socialização. Com alterações aqui e acolá passamos a reproduzi-lo e construímos nossas vidas com os mesmos anseios, temores e receios do devir, típicos da sociedade contemporânea. Nossa imaginação é limitada pelos possíveis cenários que nos rondam: desemprego, família, segurança. Penso que o espaço para uma espetacular renovação dos sentidos sociais esteja no uso das novas tecnologias ao produzir novos espaços de sociabilidade. A solidão da vida privada e de toda a sorte de armadilhas decorrentes deste “nos proteger do mundo” é preenchida pela imaginação e, esta, é a arma que nos resta. A imaginação empodera o indivíduo auxiliando-o a libertar-se da indiferença do público e a se transformar em partícipe nas questões do espaço público.
     As tecnologias da comunicação nos dão esta condição. A imaginação usada nas redes pode ser usada como possibilidade de bem-estar. É tempo de aprendermos a viver no mundo da cibercultura, nos emancipar através dele. Se hoje a comunicação depende da técnica devemos entendê-la, então, como essencialmente humanista na medida em que retira o receptor do papel de ouvinte, passivo e ignorado e o eleva ao protagonismo do seu discurso. Esta visibilidade tornada real no âmbito da tecnologia abre um caminho inexorável para a constituição do sujeito ator-social.
     Perceber o que está acontecendo no mundo e compreender o que está acontecendo conosco nos transformará em artesãos de procedimentos no uso da técnica para o diálogo, cotidiano ou não. E, ao expressarmos nossas ideias não nos preocupemos com as singularidades da escrita verborrágica, em seu lugar adotemos a simplicidade das afirmações claras.



Regina Paulista Fernandes Reinert
Mestre em Sociologia, professora de Antropologia Jurídica e Sociologia da Comunicação no Grupo Educacional Uninter, professora da pós-graduação no curso de Antropologia Social no ICEET e professora da pós-graduação no curso de Educomunicação na FAE.


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